terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Histórias: Humildade.

História 1:

O Burro de Carga

No tempo em que não havia automóveis, na cocheira de famoso palácio real, um burro curtia imensa amargura, em vista das pilhérias e remoques dos companheiros de apartamento.

Reparando-lhe o pêlo maltratado, as fundas cicatrizes no lombo e a cabeça tristonha e humilde aproximou-se formoso cavalo árabe, que se fizera detentor de muitos prêmios.

Junto com o cavalo árabe, veio um potro de fina origem inglesa.

_ Triste sina a que você recebeu! Não inveja minha posição nas corridas? Sou acariciado por mãos de princesas e elogiado pela palavra dos reis!

-Pudera! Como conseguirá um burro entender o brilho das apostas e o gosto da caça ?

O infortunado animal recebia os sarcasmos resignadamente.

Outro soberbo cavalo, de procedência húngara, entrou também a comentar:

-Esse burro é um covarde!

-Sofreu nas mãos do bruto amansador, sem dar ao menos um coice.

-É vergonhoso suportar-lhe a companhia.

Um jumento espanhol acercou-se e acentuou, sem piedade:

-Lastimo reconhecer neste burro um parente próximo. É um desonrado, um fraco, um inútil ...

-Desconhece o amor-próprio! Eu só aceito deveres dentro de um limite. Se abusam, pinoteio e sou capaz de matar.

As observações insultuosas não haviam terminado, quando o rei penetrou o recinto, em companhia do chefe das cavalariças.

-Preciso de um animal para serviço de grande responsabilidade - informou o monarca -, animal dócil e educado, que mereça absoluta confiança.

O empregado perguntou:

-Não prefere o árabe, Majestade?

-Não, nãol É muito altivo e só serve para corridas em festejos sem maior importância.

-Não quer o potro inglês?

-De modo algum. É irriquieto e não vai além das extravagâncias da caça.

-E o húngaro? Não deseja o húngaro?

-Não, não. É bravio e sem educação. É apenas pastor de rebanhos.

O jumento serviria?

-De maneira aluma. É manhoso e não merece confiança.

Decorridos alguns instantes de silêncio, o soberano indagou:

-Onde está o meu burro de carga?

-Lá, Majestade.

O próprio rei puxou-o carinhosamente para fora, mandou ajaezá-Io com as armas resplandescentes de sua Casa e confiou-lhe o filho, ainda criança, para longa viagem.

Fonte: Apostila da FEB.

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